José Jairo Silva Unesp jovem manifestante

Jairo José da Silva, à esquerda, e a jovem agredida pela PM do Alkimin

 

 

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O limite da liberdade de expressão

Por Leandro Karnal

Conquistamos com dificuldade a liberdade de expressão. Ela é um direito constitucional e um esteio do pacto social. A própria lei já estabelece limites: não posso defender ou incitar crime. Não posso, em nome da liberdade de expressão, defender racismo ou violência contra mulheres ou pedofilia. A liberdade é ampla, mas não absoluta. 
O professor Jairo José da Silva é titular da Unesp e com consagrada carreira acadêmica. Tudo indica tratar-se de pesquisador sério e reconhecido em muitos bons centros. Isto não impediu de afirmar algo muito difícil no seu facebook. Diante do fato de uma aluna Deborah Fabri, de 19 anos, ter sido atingida no olho por bala de borracha e ter perdido a visão, o docente comentou que era uma notícia potencialmente boa que ela ficasse cega.
Posso discordar da manifestações. Posso, com bons argumentos, ser contra o partido A ou B. Posso condenar quem depreda patrimônio público ou privado. Posso ser do PSOL ou do DEM. A sociedade precisa desta diversidade de posicionamentos. Nunca posso defender violência contra uma pessoa. Nada justifica isto. Este é o limite da liberdade de expressão, pois além deste limite começa o mundo da barbárie. Todos podemos dizer coisas que, refletindo melhor, pensamos ser um equívoco. Cabe, então, veemente pedido de desculpas. Até ele ocorrer, somos co-autores da violência defendida. Violência é o fim do diálogo. Como professor, fico intensamente chocado quando alguém se alegra com uma aluna perdendo a visão. Fico mais chocado com alguém que, tendo os dois olhos, seja tão cego.
Temos um longo caminho pela frente. Aprender a ser crítico sem destruir, aprender a ser policial sem cegar, aprender a discordar sem apoiar violência e, acima de tudo, aprender a dialogar.

Do Facebook de Leandro Karnal:

Via: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/leandro-karnal-professor-que-festejou-ataque-a-estudante-e-co-autor-da-violencia/

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Jairo José da Silva
(mais conhecido como “cuidado, homem branco de piada passando”)

Professor universitário celebra cegueira

de estudante que participou do ‘Fora Temer’

Professor da Unesp celebra a perda da visão da jovem Débora Fabri, de 19 anos: “Pode ficar cega, se for petista é uma boa notícia”. Após receber inúmeras críticas, inclusive dos próprios alunos, o docente bloqueou a postagem e o seu perfil. A universidade divulgou uma nota de repúdio

O professor universitário Jairo José da Silva comemorou em seu perfil no Facebook o fato de uma garota ter ficado ferida durante os protestos contra o presidente Michel Temer (PMDB), em São Paulo – a jovem perdeu a visão do olho esquerdo.

“De vez em quando tem notícia potencialmente boa. Uma garota ficou ferida na esbórnia pró-Dilma em São Paulo. Pode ficar cega. Se for petista é uma boa notícia, mas não vai fazer muita diferença, já que já são cegos como toupeiras”, escreveu.

Jairo José da Silva é professor aposentado de Matemática do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp de Rio Claro e aparece no site da Unicamp na relação de docentes do CLE (Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência). De acordo com seu currículo Lattes, ele possui graduação em Física pela Unesp, mestrado em Matemática pela USP, livre-docência em Lógica Matemática pela Unesp e doutorado em Filosofia pela Unicamp.

A postagem do docente gerou revolta nas redes sociais. Uma usuária do Facebook comentou e comparou o texto com os pensamentos de Hitler. “Não adianta de nada ser doutor e ter um caráter falho..”. Outros chamaram o docente de fascista, condenaram a atitude dele e pediram para que ele fosse denunciado.

O texto foi postado durante a madrugada, mas por volta das 13h da última sexta (02) ganhou repercussão. Cerca de 20 minutos depois de receber várias críticas, o professor bloqueou o acesso público à página e escondeu as publicações.

A manifestante Deborah Fabri, 19, foi atingida por uma bomba da PM (Polícia Militar) na última quarta-feira, no Centro de São Paulo. Em uma rede social ela postou: “Oi pessoal estou saindo do hospital agora. Sofri uma lesão e perdi a visão do olho esquerdo mas estou bem. Obrigada pelas mensagens e apoio logo logo respondo todos!!!”.

UNESP

A UNESP divulgou uma nota de repúdio às declarações de Jairo José da Silva. Leia a íntegra abaixo:

Associação dos Docentes da UNESP (ADUNESP – Seção Sindical – Rio Claro) manifesta veementemente seu repúdio às declarações do Sr. Jairo José da Silva, servidor da UNESP Campus de Rio Claro, sobre a violência sofrida pela estudante da UFABC, na ação de brutalidade da força policial (Polícia Militar) do estado de São Paulo, a quem nos recusamos tratar por professor.

Consideramos que suas declarações aviltam os princípios desta

atividade social, quais sejam: formar cidadãos críticos, tolerantes e que compreendam a necessidade de respeitar as diversidades e construir uma sociedade mais justa e com valores de solidariedade e bem comum.

As expressões “de vez em quando tem notícia potencialmente boa. Uma garota ficou ferida no ato pró-Dilma em São Paulo”, “pode ficar cega”, “toupeira” denotam a vileza de seu espírito.

Em primeiro momento nossa compreensão é que este tipo de vilania deveria ser ignorada, a dar notoriedade e luz a quem não às tem por formas virtuosas.

Por sua vez, o desrespeito, a intolerância, a ausência cognitiva acerca da importância da diversidade e das diferenças, de desconhecimento de seu papel social, exigem sua reprovação e repúdio, bem como dissociar tal comportamento do conjunto dos professores desta unidade universitária e associação sindical e, sobretudo, ratificar a importância da liberdade de ação política como princípio que impõe limites necessários ao abjeto, à desonra, ao desumano e à desconstrução de uma sociedade fraterna e socialmente justa.

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/09/professor-universitario-debocha-de-jovem-que-perdeu-a-visao-em-ato-fora-temer.html